Mulheres que vivem por si, carregando os seus, carregando um bairro inteiro. Mulheres que se unem perante o desinteresse, perante a agressão, contra o descrédito. Mulheres a quem, em Março de 2020, foi retirado o sistema de resistência que criaram, todo um comum de práticas. Mulheres que recriaram o seu mundo perante as dúvidas e incertezas sem fim: do desemprego, da solidão, da falta de testemunhas, da paz forçada desfeita. Não se conheciam a não ser pelo entendimento sábio da analogia do seu ponto de partida comum. Só isso garantiu-lhes que podiam estar juntas. Elas tinham um Clube, na Tapada, um Clube de Mulheres. Dessa geografia afectiva, a Elisabete lançou o repto para territórios ausentes entre si, distantes pelo patrocínio dos homens, que os fez para não se encontrarem. O novelo correu para a Serra das Minas, Pendão e chegou a Lisboa, à Curraleira. Tricotaram, corresponderam-se, tricotaram sem fim à vista. A dez do dez, no Iminente, vai-se dar tangibilidade a essa conexão, cozendo e unificando retalhos de uma manta construída à distância, entre todas. Unir não é o fim, é só o começo do testemunho.